domingo, 23 de agosto de 2015

Enraizar

 Queria dizer que tudo está lindo, que tudo flui perfeitamente e que não me questiono sobre nada. Mas isso seria mentir absurdamente. Não têm sido dias fáceis, nem um pouco. Eu amo meu lar, amo minha família, amo cada espaço da minha casa, porém, passar esses dias com eles tem me mostrado que não é mais aqui o meu lugar, que, por mais que eu ame tudo aqui, meu tempo por aqui está se esvaindo. É tão difícil perceber isso, mais difícil ainda é admitir. Admitir que eu não pertenço mais a esse lugar tão amado e aconchegante, que a minha vida não está mais aqui, apesar de todas as pessoas amadas estarem. Entretanto, não é como se eu pertencesse a minha nova morada, não é como se lá fosse minha "casa", não há raízes lá, não há nada que me faça pensar "como sou feliz aqui e amo esse lugar", não há. Não há nada lá que me prenda e me faça querer ficar, nada que me faça crer que aquele é meu lugar no mundo. Eu me pergunto, então, se há lugar para mim nesse mundo, se algum dia eu vou sentir aquela sensação de "quero chamar esse lugar de lar pelo resto da vida", não sei se eu sou esse tipo de pessoa que um dia vai se encontrar no mundo, que vai criar raízes. Espero que sim. Por enquanto, tudo que sei é que crescer tem sido mais difícil e solitário que o esperado. 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Um pouco de casa

  Chá quentinho no fim do dia corrido, cama cheirosinha, colo de pai e mãe, afeto de irmã, almoços em família, silenciosas tardes de domingo. Um pouco do que, há quase três meses atrás, deixei para trás. Um pouco do que faz falta a cada dia, a cada santa manhã. Um pouco do que me deixa em prantos em algumas noites e segurando as lágrimas em outras. Um pouco do que faz a saudade transbordar. Um pouco do que faz doer por pensar que se foi para sempre, que mesmo que aconteça algumas vezes, não será como antes. Um pouco do que faz pensar se a troca valeu a pena e se a vida tende ou não a ser melhor agora, e em vários dias, eu duvido que seja. Um pouco de casa. Ou melhor, de lar. 
  Mensurar em palavras a loucura de abandonar todo o aconchego da família para se aventurar num lugar totalmente estranho seria impossível. Mas registro aqui a vontade ainda mais louca que por vezes bate à porta, a vontade de largar tudo, pegar o primeiro ônibus e correr pro melhor abraço do mundo, o dos meus pais. No entanto, apesar dessa instabilidade sentimental, que uns dias me deixa bem e em outros me leva à beira da insanidade, a esperança de um futuro melhor permanece. Uma esperança que, somada à vontade de mudar o mundo de algum jeito, ao apoio das pessoas tão amadas e ao medo de perder uma oportunidade dessas, me faz continuar. Continuar aos poucos, seguir em frente no meu tempo, acompanhada da saudade, de um sentimento ambíguo. Mas continuar. Mesmo que tudo dê errado. Mesmo que não haja mais opções. Mesmo que o medo tome conta. Continuar. 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Futuro incerto

Desde que 2015 começou, o que pode não ser muito tempo, depende do ponto de vista, tenho tentado decidir o que esperar de mim, desse ano, dos vestibulares, da minha família, enfim, de tudo que me rodeia. Tenho feito inúmeros planos do que pode acontecer, de como tudo pode mudar ou de como esse ano pode ser um dos piores da minha vida.
Passei todos esses dias tentando escolher como me posicionar. Primeiramente, pensei em ser pessimista, porque se tudo desse errado, já seria o esperado; e, caso desse certo, seria uma enorme surpresa. Mas, depois de algumas lágrimas e alguns dias terríveis, decidi que essa não era a melhor escolha, optei assim pelo otimismo, sei o quanto me esforcei no último ano, o quanto batalhei pelos meus sonhos, portanto, não havia nada de errado em ter esperança, em acreditar num futuro melhor. Porém, depois de ponderar essa decisão, também percebi sua falha: não sou capaz de lidar com essa possibilidade de me decepcionar. Não sou capaz de ser otimista.
Passei os últimos tempos angustiada, tentando entender o que eu deveria esperar, o que deveria querer. Mas acabei por perceber que não é sobre o que se deve sentir ou o que planejar, é sobre viver. Sobre entender que a vida tem mesmo seus caminhos e que eu não preciso ficar pensando nisso, porque a minha parte já foi feita, não depende mais de mim, nem da minha vontade de que qualquer coisa aconteça. Custei a perceber que esse meu tempo de espera é, também, meu tempo de vida e a última coisa com a qual quero gastá-lo é esse sentimento de agonia, de incapacidade e de medo. Decidi, então, que esperar não é o foco nesse momento, viver é.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

pequeno escrito de 2010

Senti saudade,de coisas,de momentos,de pessoas,de épocas. Senti falta do modo que as pessoas me tratavam,do que eu fui. Quis voltar à minha infância,acreditar que um dia as coisas podem ser como antes,que minhas dúvidas serão solucionadas e que a vida irá parar de ser tão cruel com quem não merece.
Quis ficar a toa a tarde inteira,pensei em como as pessoas mudaram,como apagaram fácil as outras pessoas de suas vidas,na tênue importância que dão aos sentimentos,na valorização extrema de desejos e vontades. O modo como todos se submetem a seus vícios,pensando serem fortes para saírem deles mais tarde,um mais tarde que infelizmente nunca chega.
Às vezes, não sou capaz de lembrar o que estou fazendo aqui, em um mundo tão sujo,nojento. É repugnante ter que estar no meio de tudo isso, fazer parte de uma sociedade que não aceita mudanças, modos diferentes de agir e pensar. Onde o preconceito predomina por todos os lados. Não há como justificar,não há um porque para tudo isso. Ninguém se importa,não fazem nada para mudar. Alguns até ficam preocupados,porém continuam a agir da mesma maneira, esperando que comece pelos outros.
Não pode ser assim,não podemos esperar os outros,que tudo seja 'a começar em mim'.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Texto descoberto em uma folha de um caderno aposentado

Não sei o que faço, nem porquê escrevo. Sei que são três e meia da tarde de uma quinta-feira ensolarada, a tarde está linda fora dos portões da escola. Aula de redação, há um tema proposto me esperando, mas não sinto vontade de dissertar sobre ele. Como se a minha vontade importasse para alguém, nem para mim mesma importa.
Provavelmente esse será mais um dia desperdiçado. Não que eu ache um desperdício de tempo ter aulas a tarde, mas o dia lá fora me impede de prefirí-las à minha cama e boas horas de ócio. E a melhor notícia de hoje é que há um ensaio extra do teatro marcado e uma matéria razoavelmente insuportável de gramática me aguardando em casa. Sim, será mais um dia desperdiçado, não com coisas inúteis, porque essas me agradam, será um dia desperdiçado com o conhecimento e com missões outorgadas, as quais não sinto prazer ao realizar.
Não sei, talvez eu só tenha acordado melancólica e crítica, com uma mania chata de questionar e de parar para pensar em uma vida que não anda, ou que talvez ande mais rápido do que consigo compreender.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Em último caso

Cansei de sentimentos que duram uma noite, de mãos que apunhalam pelas costas, de sorrisos que mentem, de sonhos que iludem. Cansei de uma realidade que engana, que atormenta e angustia. Cansei do vazio e da falta de conteúdo. Cansei das conversas sem sentido que caminham para um rumo desconhecido e perigoso, cansei de me contentar com pouco enquanto há muito esperando por mim. Cansei de me prender e de perder. Cansei da opção e da prioridade também, da indecisão que me assusta e do incerto sombrio. Cansei de tudo. Cansei de nós, de você. Cansei de mim.

domingo, 19 de junho de 2011

Maybe Someday

Por favor, não peça nada de mim agora. Só preciso seguir em frente, não posso pensar no que passou, nem me permitir sentir saudade. Não estou em condições de prometer nada, nem para mim mesma. Não há nada errado comigo nesse momento, só não posso voltar, não quero pensar mais nisso, não me faz bem. Quero seguir em frente, mesmo que isso signifique olhar ao meu lado e não ver as pessoas que um dia me disseram "é para sempre". Pelo menos uma vez preciso fazer algo por mim, vou me permitir viver seguindo o que acredito, independente de quem se afaste por isso. Desculpe se é egoísmo, mas quem realmente gosta de mim, estará comigo pelo que eu sou e os meus princípios fazem parte de mim.
Só não peça nada. Não implore, não diga. Continue a viver, como sempre fez. Porque o que deve ser, será. E já não depende de nós. Cada pessoa tem um caminho a seguir. Achei o meu, encontrei o meu lugar no mundo. E, ao contrário do que já cheguei a acreditar, ele não é ao seu lado. Sorria ao se lembrar do que passamos, pode ter certeza de que eu também estarei sorrindo. Guarde as nossas lembranças, cuide delas, proteja-as. Agora não, mas quem sabe um dia nossos caminhos se encontrem, quem sabe um dia...